04 de Setembro de 2025
Administração Condominial

Guia completo para prestação de contas em condomínios

Atualizado em: 04/09/2025 15:15:22

Aprox. 23 minutos de leitura.

Guia completo para prestação de contas em condomínios

Quando o assunto é a gestão financeira de um condomínio, organização, clareza e diálogo são fundamentais. Para conectar esses três pontos e cumprir a legislação, a prestação de contas é a ferramenta que mostra onde cada real foi aplicado e fortalece a confiança entre moradores e gestão. 

Quando bem executada, evita ruídos, orienta decisões e mantém o caixa estável. Entretanto, na prática, surgem dúvidas comuns: o que incluir no relatório, como apresentar os números de forma simples, com que frequência divulgar e como conferir se as despesas estão alinhadas ao orçamento aprovado.

Para facilitar, este guia reúne os fundamentos legais e um passo a passo direto para estruturar a prestação de contas, organizar documentos e comunicar resultados com segurança e transparência.

Prestação de contas no condomínio: objetivos, benefícios e base legal

Além de ser uma obrigação administrativa, a prestação de contas condominial é um instrumento essencial para garantir a transparência da gestão, proteger os interesses coletivos e fortalecer o relacionamento entre a administração e os moradores. 

Isso porque os moradores e condôminos têm o direito de saber como o dinheiro coletivo está sendo utilizado, quais despesas foram feitas, quais receitas foram arrecadadas e quais decisões foram tomadas ao longo do período. Isso evita desconfianças, reduz ruídos na comunicação e cria um ambiente de corresponsabilidade, onde todos compreendem os custos envolvidos na manutenção do prédio e podem contribuir de forma mais ativa para as decisões futuras.

Outro ponto essencial é o planejamento orçamentário. A análise periódica das contas permite à administração identificar tendências de gastos, corrigir distorções, planejar investimentos e prever ajustes na taxa condominial. Sem esse controle, o condomínio pode enfrentar inadimplência crescente, necessidade de rateios inesperados ou até atrasos na manutenção de itens essenciais.

Além disso, uma prestação de contas clara e regular reforça a confiança na gestão e no síndico, que ganha legitimidade ao demonstrar que age com responsabilidade e que trata os recursos do condomínio com zelo. 

Quais são os fundamentos legais da prestação de contas em condomínios?

O dever de prestar contas está previsto na legislação brasileira. O Código Civil, em seu artigo 1.348, inciso VIII, é claro ao determinar que é responsabilidade do síndico “prestar contas à assembleia, anualmente e quando exigidas”. Ou seja, a gestão condominial não pode escolher se presta ou não contas. Isso é uma obrigação legal!

Já o artigo 1.350 complementa essa exigência ao determinar que, pelo menos uma vez ao ano, deve haver uma assembleia para aprovação das contas e previsão orçamentária. Essa reunião é o momento em que os condôminos têm acesso formal ao balanço financeiro do período, podem questionar, pedir esclarecimentos e, se for o caso, reprovar as contas.

Embora a lei exija apenas uma apresentação anual, a boa prática recomenda um acompanhamento mais frequente. Em condomínios com maior movimentação financeira, número elevado de unidades ou obras em andamento, prestações trimestrais ou semestrais fortalecem a confiança da coletividade e reduzem ruídos na comunicação entre gestão e moradores.

Essas apresentações intermediárias não precisam ocorrer em assembleias formais. Elas podem ser feitas por meio de boletins financeiros, relatórios mensais, ou reuniões informativas convocadas pela administração. Essa frequência maior também facilita a identificação de inconsistências ou desvios, reforçando o compromisso com a responsabilidade e a transparência na administração condominial.

Caso o síndico se recuse a prestar contas ou não o faça de forma clara, os condôminos têm ferramentas legais para agir. É possível:

  • Convocar uma assembleia extraordinária para cobrar a apresentação dos documentos;
  • Solicitar judicialmente a prestação de contas;
  • Ingressar com ação civil por má gestão ou omissão;
  • Substituir o síndico, se houver consenso ou votação em assembleia.

Entretanto, esse tipo de conflito pode gerar desgaste para todos os envolvidos e prejudicar o funcionamento do condomínio. Por isso, a recomendação é que a gestão sempre siga boas práticas: prestar contas com regularidade, utilizar documentos organizados e manter uma comunicação aberta com os moradores.

Como realizar uma prestação de contas clara, completa e conforme a lei

Uma boa prestação de contas começa muito antes da assembleia e vai além da apresentação de números. Para que o processo seja realmente eficaz, é necessário manter a organização contábil durante todo o ano, reunir documentação comprobatória e apresentar os dados de forma acessível e transparente.

Veja os principais passos para conduzir esse processo com segurança e eficiência:

1 - Mantenha os registros atualizados desde o início do exercício

A organização da prestação de contas começa no primeiro dia do exercício financeiro. Deixar para reunir informações apenas na véspera da assembleia é um erro comum e favorece retrabalho, inconsistências e possíveis questionamentos por parte dos condôminos.

Por isso, é fundamental que a administração mantenha um controle contínuo e preciso de todas as movimentações financeiras do condomínio:

  • Entradas (como receitas de taxas condominiais ou aluguéis de áreas comuns);
  • Saídas (pagamentos de fornecedores, encargos trabalhistas, manutenções);
  • Transferências entre contas;
  • Eventuais aplicações financeiras devem ser registradas com clareza e frequência.

Além de garantir que nenhum dado importante se perca, esse acompanhamento constante permite identificar desvios de orçamento em tempo real, corrigir falhas de lançamento e facilitar o diálogo com o conselho fiscal ao longo do ano. Também evita o acúmulo de lançamentos pendentes, que torna o fechamento do período mais trabalhoso e sujeito a erros.

Usar ferramentas digitais de gestão condominial pode ajudar bastante nesse processo, organizando lançamentos por categorias e gerando relatórios automáticos. Assim, a prestação de contas deixa de ser uma tarefa pontual e se torna parte da rotina administrativa, com mais precisão, transparência e agilidade.

2 - Organize todos os documentos comprobatórios

Uma prestação de contas confiável depende de documentos que sustentem cada informação apresentada. Sem os devidos comprovantes, qualquer número, por menor que seja, pode ser questionado, o que compromete a transparência da gestão e abre margem para dúvidas e desconfianças.

Por isso, é essencial reunir e arquivar todos os documentos que comprovem as receitas e despesas do condomínio. Esses arquivos funcionam como prova de que as movimentações foram realizadas corretamente, com respaldo legal e dentro do planejamento financeiro.

Entre os principais documentos que devem ser organizados, estão:

  • Notas fiscais e recibos referentes a serviços contratados e compras realizadas;
  • Comprovantes de pagamento de fornecedores e prestadores de serviço;
  • Contratos assinados, especialmente os de serviços contínuos, como portaria, limpeza ou manutenção;
  • Folhas de pagamento, holerites e encargos trabalhistas;
  • Guias de recolhimento de tributos, como INSS, FGTS e impostos retidos;
  • Extratos bancários completos, incluindo movimentações de contas correntes, aplicações ou fundos de reserva;
  • Boletos pagos, tanto pelos condôminos quanto em nome do condomínio.

O ideal é manter esses documentos organizados cronologicamente ou por categoria, em formato físico ou digital, desde que estejam sempre acessíveis para consultas e auditorias. 

3 - Classifique as receitas e despesas em categorias

Organizar as movimentações financeiras por categorias é uma prática essencial para garantir clareza nos relatórios e facilitar o entendimento por parte dos condôminos. Quando cada valor está classificado corretamente, é possível visualizar com mais facilidade para onde o dinheiro do condomínio está indo e identificar padrões de consumo, excessos ou pontos de atenção.

Algumas categorias recomendadas incluem:

  • Despesas com pessoal (salários, encargos, benefícios);
  • Consumo (água, energia elétrica, gás);
  • Manutenção e reparos;
  • Serviços contratados (limpeza, portaria, jardinagem);
  • Fundo de reserva;
  • Obras e melhorias;
  • Despesas administrativas (taxas bancárias, materiais de escritório);
  • Inadimplência (valores em aberto).

Essa separação também contribui para auditorias internas, facilita o cruzamento com a previsão orçamentária e fortalece a transparência da gestão. 

4 - Monte um demonstrativo financeiro claro e completo

O demonstrativo financeiro é o documento que resume todas as movimentações do condomínio em um determinado período. Ele deve ser claro, organizado e objetivo, permitindo que os condôminos visualizem de forma direta como os recursos foram administrados.

O modelo ideal de demonstrativo deve conter:

  • Saldo inicial do período;
  • Entradas (receitas): incluindo pagamento de cotas, rendimentos financeiros, receitas eventuais, entre outros;
  • Saídas (despesas): detalhadas por categoria, conforme classificação anterior;
  • Saldo final do período.

Além de apresentar os números, é essencial explicar eventuais variações significativas. Por exemplo: se houve um superávit relevante, o que gerou essa economia? Se o saldo fechou negativo, qual foi a origem do déficit? 

5 - Compare os resultados com o orçamento aprovado

Um dos pontos centrais da prestação de contas é confrontar o que foi executado com o que foi planejado no orçamento anual. Essa comparação permite medir a eficiência da gestão e identificar se os recursos foram utilizados conforme o previsto.

Para facilitar essa análise, recomenda-se apresentar:

  • Previsão orçamentária x despesas realizadas, separadas por categoria (ex: água, energia, folha de pagamento, manutenção, fundo de reserva);
  • Percentuais de variação, indicando onde houve economia ou gasto acima do esperado;
  • Justificativas claras para divergências significativas, como despesas emergenciais, inadimplência acima do normal ou reajustes contratuais.

Essa análise comparativa dá base para decisões mais estratégicas no próximo exercício, além de aumentar a confiança dos condôminos na gestão. 

6 - Inclua um relatório de inadimplência atualizado

A inadimplência impacta diretamente a saúde financeira do condomínio. Por isso, incluir um relatório específico com dados atualizados sobre os débitos em aberto é essencial para garantir transparência e permitir que os condôminos compreendam os desafios enfrentados pela gestão.

Esse relatório deve conter:

  • Quantidade de unidades inadimplentes no período analisado;
  • Valor total em atraso, discriminando os meses e encargos (juros, multas, correção);
  • Percentual de inadimplência em relação à receita prevista, facilitando a avaliação do impacto no caixa;
  • Ações adotadas pela gestão para cobrança, como notificações, acordos ou encaminhamento jurídico.

Apresentar essas informações mostra responsabilidade na condução da gestão e evita especulações, além de embasar decisões futuras, como revisão de taxas, medidas de contenção de gastos ou mudanças na política de cobrança. 

7 - Explique despesas extraordinárias ou não previstas

Despesas fora do orçamento são comuns em qualquer condomínio, mas devem ser tratadas com total transparência. Reformas urgentes, manutenções corretivas inesperadas, ações judiciais ou qualquer outro gasto que não tenha sido aprovado previamente precisam ser devidamente explicados na prestação de contas.

Para garantir clareza e evitar dúvidas por parte dos condôminos, é importante apresentar:

  • Descrição detalhada da despesa: o que foi feito, por que foi necessário e em qual contexto surgiu a demanda;
  • Data e valor do gasto: incluindo se o pagamento foi à vista ou parcelado;
  • Comprovantes e documentos de suporte: notas fiscais, contratos emergenciais, orçamentos e registros fotográficos, se disponíveis;
  • Justificativa técnica ou administrativa: explicando por que não foi possível prever o gasto e qual o risco de não realização;
  • Indicação de origem dos recursos utilizados: se foram usados recursos do caixa, do fundo de reserva ou outro mecanismo.
  • Esclarecer esses pontos evita interpretações equivocadas, protege a administração e demonstra profissionalismo no cuidado com o patrimônio coletivo.

8 - Envie os documentos com antecedência aos condôminos

Um dos maiores erros na prestação de contas é deixar para apresentar todas as informações apenas no momento da assembleia. Isso compromete o tempo de análise dos moradores, limita a discussão qualificada e pode gerar desconfiança, mesmo quando tudo está correto.

Nesse caso, a boa prática é garantir que os condôminos tenham acesso prévio aos principais documentos financeiros, com alguns dias de antecedência, por canais institucionais e de fácil consulta, como e-mails, grupos oficiais de comunicação ou cópias impressas disponíveis na administração ou portaria.

Os materiais que devem ser compartilhados previamente incluem:

  • Demonstrativo financeiro com entradas, saídas e saldo;
  • Relatórios de receitas, despesas e inadimplência;
  • Comprovantes organizados por categoria;
  • Justificativas para despesas extraordinárias;
  • Comparativo entre o realizado e o orçamento aprovado.

Para tornar essa antecipação ainda mais eficiente, muitos condomínios têm adotado a prestação de contas online como prática contínua e não apenas pontualmente antes da assembleia. Plataformas digitais especializadas permitem que os moradores consultem mensalmente as pastas com notas fiscais, recibos, comprovantes e relatórios gerenciais.

Com a ajuda da tecnologia, o condômino passa a entender melhor como os recursos estão sendo utilizados ao longo do tempo, sem depender apenas da assembleia anual. Além de melhorar o entendimento coletivo, essa abordagem também facilita o trabalho do síndico e do conselho, que implementam uma cultura de prestação de contas responsável, moderna e acessível.

9 - Apresente os dados com objetividade durante a assembleia

A assembleia é o momento em que os condôminos analisam e decidem, coletivamente, se aprovam ou não a prestação de contas do período. Por isso, a apresentação deve ser conduzida com clareza, transparência e foco nos pontos que realmente importam.

Cabe ao síndico, ou à administradora, se for o caso, preparar uma exposição direta, sem jargões técnicos excessivos, explicando os dados de forma acessível a todos os presentes, independentemente do seu grau de familiaridade com finanças.

Para tornar a reunião mais produtiva, recomenda-se:

  • Utilizar recursos visuais, como gráficos, quadros comparativos e projeções, para facilitar a compreensão;
  • Pontuar variações significativas e oferecer explicações claras para eventuais desvios em relação ao orçamento previsto;
  • Destacar medidas de gestão adotadas ao longo do período, como negociações de contratos ou ações de contenção de despesas. Apresentar um resumo objetivo com as informações mais relevantes (entradas, saídas, saldo final, inadimplência, despesas fora do orçamento);

Além disso, é importante reservar espaço para perguntas e esclarecimentos. A escuta ativa e o diálogo aberto ajudam a reforçar a confiança entre gestão e condôminos, aumentando a chance de aprovação e evitando conflitos futuros.

10 - Formalize a decisão em ata assinada

oncluir a assembleia sem registrar formalmente as decisões tomadas é um erro que pode comprometer a validade de todo o processo. A ata é o documento oficial que comprova o que foi deliberado e, portanto, precisa ser redigida com precisão e assinada pelos participantes.

No caso da prestação de contas, é essencial que a ata contenha:

  • A menção expressa à aprovação ou reprovação das contas referentes ao período em análise;
  • A lista de presença dos condôminos que participaram da votação, com identificação clara de quem votou e como votou (quando aplicável);
  • O registro de questionamentos ou observações relevantes feitos durante a reunião, especialmente se houver sugestões de melhorias ou ressalvas à gestão;
  • As assinaturas dos presentes, incluindo, se possível, membros do conselho fiscal e o síndico.

Esse cuidado com a formalização não apenas garante respaldo jurídico à administração como também protege todos os envolvidos em caso de questionamentos futuros. Além disso, uma ata bem redigida é uma demonstração de respeito à coletividade e reforça a transparência da gestão condominial.

Além de seguir esses passos, manter uma relação ativa com o conselho fiscal durante todo o exercício pode facilitar a análise das contas e antecipar eventuais dúvidas, tornando o processo mais fluido e eficaz.

Prestação de contas é compromisso com a boa gestão

Se você chegou até aqui, já sabe que a prestação de contas é um pilar da gestão responsável. Ela promove transparência, fortalece a confiança entre administração e moradores, e viabiliza o planejamento financeiro do condomínio de forma clara e segura.

Mas ela também é um exercício de cidadania condominial. Ao manter todos informados sobre a destinação dos recursos, cria-se um ambiente mais colaborativo, consciente e preparado para enfrentar desafios coletivos.

Athemos: sua parceira em uma administração condominial segura, transparente e eficiente

Para que tudo isso funcione na prática, contar com o suporte de uma administradora experiente é essencial. A Athemos oferece soluções completas em gestão condominial, com foco em transparência, tecnologia e conformidade legal.

Com uma abordagem integrada, que combina conhecimento jurídico, contabilidade precisa e tecnologia, ajudamos síndicos e conselhos a manter a prestação de contas sempre em dia e acessível para todos.

Se você quer mais organização, segurança e confiança na administração do seu condomínio, fale com a Athemos. 

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