Recebimento de correspondências judiciais e registradas: guia de boas práticas e o que evitar
Atualizado em: 20/08/2025 13:35:12
Aprox. 21 minutos de leitura.

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Com o aumento das compras online, notificações administrativas e demandas judiciais, a portaria dos condomínios passou a receber um volume cada vez maior e mais variado de correspondências. Entre elas, destacam-se cartas registradas, notificações extrajudiciais e intimações judiciais, muitas vezes destinadas diretamente aos moradores.
Esse cenário levanta uma questão comum: o porteiro deve receber esse tipo de documento em nome do condômino?
A resposta exige atenção. Quando um colaborador da portaria aceita correspondências formais, especialmente com aviso de recebimento, isso pode gerar efeitos jurídicos imediatos, inclusive o início de prazos processuais, sem que o destinatário tenha ciência. Isso expõe o condomínio, a administradora e o próprio profissional a riscos que vão além das funções habituais da recepção.
A adoção de procedimentos padronizados e legalmente seguros é fundamental para garantir a boa convivência, evitar prejuízos e preservar o papel da portaria como apoio, e não como responsável, pelo recebimento de documentos sensíveis.
A seguir, explicamos os riscos, o que diz a legislação, os limites de responsabilidade do condomínio e as melhores práticas para lidar com esse tipo de entrega.
Correspondências registradas com AR (aviso de recebimento), notificações extrajudiciais e intimações judiciais são documentos com valor formal que cumprem funções específicas dentro de processos administrativos, jurídicos ou comerciais.
Apesar de parecerem semelhantes à primeira vista, é importante entender suas diferenças:
Embora seja comum o porteiro ser visto como o responsável pelo recebimento de encomendas e documentos no dia a dia do condomínio, correspondências registradas, notificações extrajudiciais e intimações judiciais exigem uma atenção especial. O ideal é que não sejam recebidas por terceiros sem autorização expressa.
Essa conduta, além de comprometer a rotina operacional, traz riscos jurídicos significativos tanto para o condomínio quanto para o colaborador da portaria e para a empresa terceirizada responsável pelo serviço. Confira as principais situações:
Receber documentos com implicações legais não é apenas uma questão de boa vontade ou cordialidade, mas de segurança jurídica. Por isso, é recomendável que esse tipo de entrega seja feito diretamente ao morador ou mediante autorização expressa, com o devido registro formal. Essa prática protege todos os envolvidos e evita litígios desnecessários.
O Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015) trata diretamente da entrega de correspondências judiciais em condomínios. Em seu artigo 248, §4º, a legislação estabelece:
“Nos condomínios edilícios ou nos loteamentos com controle de acesso, será válida a entrega do mandado a funcionário da portaria responsável pelo recebimento de correspondência, que, entretanto, poderá recusar o recebimento, se declarar, por escrito, sob as penas da lei, que o destinatário da correspondência está ausente.”
Essa redação traz dois pontos cruciais:
Na prática, os tribunais têm validado intimações e notificações entregues a funcionários de portaria, o que reforça a necessidade de cautela. Há decisões em que moradores alegaram não ter ciência da intimação, mas a Justiça entendeu que o prazo legal já estava correndo desde a assinatura na portaria.
Nesses casos, os condomínios podem ser acionados judicialmente sob a acusação de falha na comunicação interna. Além de processos, isso resulta em custos com advogados, acordos extrajudiciais e até danos à imagem da gestão condominial.
Portanto, a melhor conduta é recusar o recebimento, exceto quando houver autorização expressa do condômino, sempre com registro formal. Essa escolha protege juridicamente todas as partes envolvidas.
A melhor forma de garantir segurança jurídica e operacional no recebimento de correspondências em condomínios é estabelecer procedimentos padronizados, orientando os colaboradores e comunicando com clareza aos moradores. Esses procedimentos devem estar alinhados às normas legais e às diretrizes da administradora responsável.
O objetivo principal é evitar falhas que possam gerar prejuízos aos condôminos, expor o condomínio a processos judiciais ou colocar em risco os colaboradores da portaria.
A seguir, estão as práticas recomendadas:
Esse tipo de correspondência tem implicações legais imediatas, por isso a recomendação padrão é não permitir que porteiros recebam notificações ou intimações judiciais. Deixe claro que o ideal é que essas entregas sejam feitas diretamente ao destinatário, garantindo ciência formal e protegendo todos os envolvidos.
Apesar de não terem o mesmo peso jurídico de intimações, as cartas registradas também podem conter documentos relevantes. Por isso, devem seguir um fluxo seguro:
Esse procedimento evita que documentos sejam recebidos sem o conhecimento do morador, o que pode gerar alegações de "não fui informado" e comprometer o condomínio.
Para reforçar a segurança do processo e ter rastreabilidade em caso de questionamentos, é fundamental manter registros:
Esses registros servem como comprovação de que a portaria atuou conforme o procedimento acordado e protegem juridicamente a administração, o síndico e a equipe operacional.
Todos os procedimentos devem ser comunicados com transparência aos condôminos, por meio de:
Essa comunicação reforça que as medidas visam a proteção de todos, e não uma simples restrição. Um condômino informado compreende melhor os riscos e tende a colaborar com mais responsabilidade.
As diretrizes podem variar conforme as necessidades de cada condomínio. Por isso, a administradora deve:
Ao seguir essas práticas, o condomínio evita falhas operacionais, reduz o risco de conflitos com moradores e garante conformidade legal. Isso fortalece a gestão condominial como um todo, promove segurança jurídica e preserva a integridade de moradores, colaboradores e prestadores de serviço.
Depois de definir regras claras sobre o que pode ou não ser recebido pela portaria, é essencial garantir que essas orientações sejam aplicadas de forma consistente na rotina do condomínio. E para isso, a atuação conjunta entre a administradora e a empresa de facilities é determinante.
Mais do que prestadores de serviço, esses parceiros funcionam como extensões da gestão condominial, ajudando a transformar diretrizes em procedimentos bem executados.
A administradora tem a responsabilidade de:
Já a empresa de facilities contribui com:
Com essa estrutura, o condomínio ganha segurança operacional e jurídica, evitando improvisações no dia a dia da portaria, sem sobrecarregar o síndico e garantindo o cumprimento das decisões coletivas com responsabilidade e profissionalismo.
Esse alinhamento entre gestão, operação e comunicação é o que torna possível manter o controle e a previsibilidade mesmo em situações mais sensíveis.
Apesar das recomendações de não receber correspondências judiciais e notificações na portaria, o condomínio tem autonomia para definir seus próprios procedimentos, desde que respeite os limites legais e assuma as responsabilidades decorrentes dessas escolhas.
Essa flexibilidade está prevista na legislação condominial e garante que cada edifício possa adaptar suas regras à realidade da comunidade que o compõe. No entanto, essa autonomia também impõe obrigações. Se o condomínio decidir permitir que porteiros recebam cartas registradas, intimações ou notificações, é essencial seguir alguns requisitos formais:
É importante lembrar que permitir o recebimento de correspondências com valor jurídico na portaria pode parecer uma facilidade para os condôminos, mas é uma medida que deve ser adotada com cautela, responsabilidade e respaldo documental. A formalização adequada é a única forma de proteger juridicamente todas as partes envolvidas.
A rotina de um condomínio exige decisões rápidas, mas bem fundamentadas. Quando se trata do recebimento de correspondências com valor jurídico, a prevenção é o melhor caminho para evitar riscos desnecessários, tanto para o morador quanto para o condomínio, o colaborador e a empresa prestadora de serviços.
Medidas simples, como seguir um protocolo claro, formalizar orientações e manter a comunicação ativa com os condôminos, fazem toda a diferença na hora de prevenir conflitos e proteger juridicamente todos os envolvidos.
Além disso, é fundamental oferecer treinamento e respaldo legal aos funcionários da portaria. O colaborador que entende o porquê de cada procedimento age com mais segurança e responsabilidade.
Mas para que tudo isso funcione de forma eficiente e contínua, é essencial contar com uma administradora preparada, que ofereça orientação técnica, respaldo jurídico e processos bem estruturados, como faz a Athemos.
Se o seu condomínio ainda não possui um procedimento claro para o recebimento de correspondências registradas, judiciais ou notificações extrajudiciais, a Athemos pode ajudar a construir esse protocolo de forma segura, eficiente e totalmente legal.
Somos especialistas em administração condominial e facilities, com foco em gestão inteligente, prevenção de riscos e apoio técnico completo aos síndicos e moradores.
Entre em contato com a nossa equipe para conhecer nossos serviços e entender como podemos contribuir para uma gestão mais segura, organizada e juridicamente protegida.
Adotar práticas seguras é sinal de boa gestão. Conte com a Athemos para orientar cada passo com profissionalismo e confiança!
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